domingo, 7 de fevereiro de 2016

Assistimos a Deadpool

Assistimos a Deadpool

 |  Por Marina Val
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Esqueçam a participação de Ryan Reynolds como aquele Deadpool apagado e quase educado em X-Men Origens: Wolverine em 2009 ou mesmo como o herói titular no Lanterna Verde de 2011.
Todos os temores sobre o que Ryan faria ao interpretar o mercenário desbocado mais uma vez desaparecem nos primeiros minutos do longa. O timing de humor do roteiro é impecável e consegue arrancar risadas das plateias nos momentos mais improváveis, quebrando a quarta parede com efeito humorístico já nos créditos iniciais, por exemplo.
Piadas dessa natureza são frequentes, especialmente para citar outras obras, clichés, alguns heróis e os atores que os interpretam. Wolverine é um dos principais alvos, mas os outros X-Men não escapam ilesos.
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Mas o Deadpool não é só um cara engraçadinho. Ele é um mercenário sem nenhum dos princípios éticos ou códigos morais que costumam guiar super-heróis. Por conta disso, os malvados da história tem um fim bem mais rápido e incomparavelmente mais brutal que qualquer longa de herói de quadrinhos.
Deadpool é uma história de origem do personagem e como ele passou de Wade Wilson, um mercenário sem escrúpulos e com um diagnóstico de câncer terminal, para Deadpool, um super-mercenário completamente insano e praticamente imortal. Não há grandes ameaças ao mundo ou centenas de pessoas em perigo, só um cara com sede de vingança e um criminoso que mexeu com a pessoa errada.
Brutalidade, palavrões, mutilações, nudez, sexo e tortura não são aliviadas nas cenas. Não há cortes de câmera para evitar mostrar sangue e vísceras voando pela tela. Não é um filme adequado para crianças, recebeu classificação indicativa de 16 anos, e isso é ótimo nesse caso específico.
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O par romântico de Wade Wilson, Vanessa Carlysle (Morena Baccarin) é uma mulher forte, independente, completa, cuja loucura combina com a de Wade. Nenhuma das cenas de sexo parece gratuita, só mostram um relacionamento divertido e apaixonado entre dois adultos que estão dispostos a experimentar coisas novas e a ouvir músicas melosas.
O único deslize em relação à moça é colocá-la em uma posição de donzela em perigo em certo momento da história. Considerando todos os clichés que são zoados ao longo do filme, apelar para um momento assim é um pouco desnecessário.
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Colossus aparece na aventura para fazer um contraponto com o Deadpool. Ele tem um jeito quadradão e certinho que é o extremo oposto do mercenário desbocado. Já a Míssil Adolescente Negassônico é um meio termo entre os dois. A garota não parece se importar com muita coisa além de redes sociais e de fazer comentários ácidos ocasionalmente.
Estes X-Men são escolhas improváveis para auxiliar o mercenário, mas assim como quase todas os elementos que podem parecer absurdos no roteiro, como a trilha sonora que mistura Wham!, DMX, Juice Newton, Salt-N-Pepa e Neil Sedaka, eles funcionam.
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Tim Miller, o diretor do longa, se diz um apaixonado por quadrinhos, e é fácil acreditar nessa afirmação assistindo ao longa. Existe um cuidado para retratar o protagonista de maneira que fique mais fiel à HQ, algo que não é nada fácil, considerando que se trata do Deadpool.
Deadpool é o melhor filme de super-herói dos últimos anos e o protagonista sequer tenta ser um super-herói. Ele não vai ganhar nenhum Oscar, mas pelo menos serviu para mostrar que Ryan Reynolds consegue fazer um bom trabalho, se estiver acompanhado por um bom roteiro e um ótimo diretor.

Crítica: Quarteto Fantástico


  |  Por André Gordirro
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Exatos dez anos depois do decepcionante Quarteto Fantástico de Tim Story, surge outra decepção, agora assinada por Josh Trank, de Poder Sem Limites. O sujeito simplesmente conseguiu a façanha de ser demitido de dirigir um dos filmes derivados de Star Wars (“Rogue One”) pelo comportamento nas filmagens deste novo Quarteto Fantástico, cujo produto final dá a exata medida da produção turbulenta. A Fox só levou o projeto adiante porque estava prestes a perder os direitos sobre os personagens (que voltariam para a Marvel — como teria sido bom), e o resultado é um produto apressado, mal amarrado, com soluções narrativas escritas nas coxas (em meio a algumas boas ideias, há que se destacar).
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A duração de 100 minutos e a estrutura do roteiro lembram mais o piloto de uma série da CW (Arrow, Flash) do que o “épico de ficção científica de super-heróis” que o marketing quer vender. No fim das contas, a seleção de elenco completamente equivocada (o magrelo baixinho Jamie Bell como Ben Grimm? O apagado Toby Kebbell como Dr. Destino?) é o menor dos problemas de um filme que não empolga, mas pelo menos é suficientemente curto para não irritar, nem deixar tão evidente a confusão de ponta a ponta. A intenção original seria disparar um raio christophernolanizador no Quarteto Fantástico, torná-lo mais adulto, mais sci-fi, mais realista, mas o que saiu foi um arremedo de seriado de TV. E não importa o verniz de seriedade: o poder de esticamento do Sr. Fantástico continua visualmente ridículo.
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Nesta versão que tem pouquíssimo a ver com o Quarteto Fantástico consagrado, Reed Richards (Miles Teller) é um adolescente prodígio descoberto em uma feira de colégio (hã?) para trabalhar em um projeto de deslocamento dimensional. Neste momento, o enredo não encontra mais papel para Ben Grimm (Jamie Bell), seu amigo de infância, e o personagem é descartado até ser reintroduzido de maneira forçada na história. Reed trabalha com outros dois cientistas, Sue Storm e Victor Von Doom (Kate Mara e Toby Kebbell), até aí ok, e do nada surge o mecânico Johnny Storm (Michael B. Jordan) para se juntar a uma equipe de gênios. O roteiro claramente não sabe o que fazer com Ben e Johnny, dois ignorantes naquele cenário de super-ciência, e simplesmente enfia os dois na trama sem muita justificativa lógica. A partir do acidente que dá ao Quarteto Fantástico os poderes conhecidos por todos, o filme deixa ainda mais evidente os problemas do roteiro e produção feitos às pressas, e não elabora questões básicas como a reação dos personagens diante do que se tornaram — uma decisão de Reed Richards, por exemplo, não só desafia a lógica, como trai o espírito do personagem, e suas consequências não são devidamente exploradas.
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Finalmente, há o obrigatório embate com o Dr. Destino, que ora tem poderes dignos do Dr. Manhattan, e ora esquece de usá-los quando convém que apanhe dos heróis. Nada original, o cenário final é uma mistura do Mundo Sombrio de Thor 2 com o raio espacial do epílogo de Os Vingadores. Enquanto o vilão toma sua surra obrigatória, fica a surpresa de que o filme já está para acabar, e tudo é amarrado rapidinho, como uma escola de samba que mete o pé para não perder pontos por estourar o prazo do desfile. Fica a sensação de que o novo Quarteto Fantástico é um samba do cientista doido

FONTE JOVEMNERD.COM.BR